quarta-feira, 25 de abril de 2012

Só Cristo salva?


Só Cristo salva! (ou Só Jesus salva!)

Eis o slogan protestante.

Mas vamos colocar uma interrogação: Só Cristo salva?

A afirmação: Só Cristo salva, tem fundamentação teológica em si?

Pode-se afirmar isoladamente que somente Cristo salva?

Protestantes de todos os naipes apontam o dedo na cara de qualquer um, principalmente de nós católicos, e dizem essa famosa afirmativa, mesmo em Bíblias de edições protestantes, adesivos em carros e motos, e enormes banners. Isso tudo para querer eles nos rebaixar, pois acreditam na possibilidade de o católico não acreditar nesta verdade, ou que outra criatura seja detentora da salvação.

Pois bem...

Nós católicos acreditamos que só Cristo Salva? Veremos.

Para responder usarei dois critérios: O teológico e o lógico.

Primeiramente entenderemos a natureza de Cristo. De acordo com catecismo – já que este é a teologia simplificada – analisemos os parágrafos:

240. Jesus revelou que Deus é «Pai» num sentido inédito: não o é somente enquanto Criador: é Pai eternamente em relação ao seu Filho único, o qual, eternamente, só é Filho em relação ao Pai: «Ninguém conhece o Filho senão o Pai, nem ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar» (Mt 11, 27).
241. É por isso que os Apóstolos confessam que Jesus é «o Verbo [que] estava [no princípio] junto de Deus» e que é Deus (Jo 1, 1), «a imagem do Deus invisível» (Cl 1, 15), «o resplendor da sua glória e a imagem da sua substância» (Heb 1, 3).
242. Na esteira deles, seguindo a tradição apostólica, no primeiro concílio ecumênico de Nicéia, em 325, a Igreja confessou que o Filho é «consubstancial» ao Pai (44), quer dizer, um só Deus com Ele. O segundo concilio ecumênico, reunido em Constantinopla em 381, guardou esta expressão na sua formulação do Credo de Nicéia e confessou «o Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos, luz da luz. Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai» (45).

E mais adiante:

253. A Trindade é una. Nós não confessamos três deuses, mas um só Deus em três pessoas: «a Trindade consubstancial» (64). As pessoas divinas não dividem entre Si a divindade única: cada uma delas é Deus por inteiro: «O Pai é aquilo mesmo que o Filho, o Filho aquilo mesmo que o Pai, o Pai e o Filho aquilo mesmo que o Espírito Santo, ou seja, um único Deus por natureza» (65). «Cada uma das três pessoas é esta realidade, quer dizer, a substância, a essência ou a natureza divina» (66).

Duas considerações, no trecho: a Igreja confessou que o Filho é «consubstancial» ao Pai, quer dizer, um só Deus com Ele, diz que Jesus e Deus são um só. Nisso os protestantes concordam, quer dizer, a maioria, dado a babel teologal e diversificada que os identificam.

E a afirmação de que a Trindade é una. Trindade una parece um tanto contraditório, mas para nós faz parte dos mistérios da fé, devemos acreditar mesmo sem entender.

Já é perceptivo que a frase só Cristo salva já vai perdendo sua suposta essência de inteireza e clareza.

Deus é uno em substância e trino em pessoa. Cada pessoa da Santíssima Trindade é Deus completo.

Agora vamos partir para um pouco de lógica. Um exemplo de proposições:

Todo cachorro é vegetal.(premissa maior)
Os vegetais são verdes.(premissa menor)
Logo, todos os cachorros que existem são verdes.(conclusão)

Para a lógica formal está corretíssimo, embora para a realidade as premissas sejam falsas. Cachorro não é vegetal e nem todos os vegetais são verdes na realidade. Então para a realidade a conclusão estaria errada. Dado o caráter lógico formal, as premissas sendo proposições, a conclusão concordando com as premissas, torna-se verdadeira.

Como estamos falando de coisas reais, que existem de fato (Deus Pai, Jesus, Trindade), a lógica formal não nos serve, só serviu para elucidar. Vamos então a chamada lógica material. Esta que se dá no âmbito real, com as proposições sendo analisadas pela inteligência ou até mesmo pelos sentidos.

Para termos na lógica material uma conclusão verdadeira, é necessário que as premissas também sejam verdadeiras, tanto a premissa maior, como a menor:

Jesus é Deus (P)
Jesus nos salvou (p)
Logo, Deus nos salvou (C).

As duas premissas são verdadeiras e não podem ser contraditórias, logo a conclusão também é verdadeira. Quando isso acontece, chamamos de silogismo.

Para o protestante seria assim:

Jesus é Deus (P)
Só Jesus salva (p)
Logo, Deus não nos salvou (C).

Como Jesus é inseparável substancialmente de Deus, a primeira premissa (maior) é verdadeira e o da segunda premissa (menor) faz com que a conclusão seja falsa, levando em consideração a realidade de que Jesus não se isola de Deus, confirmada pela fé. Fé esta que é uma adesão da inteligência.

Quando a conclusão é falsa, damos o nome de sofisma.

Quando ouvimos um protestante querendo nos dizer que só Cristo salva, vemos algo tendencioso, pois que teimam em espalhar aos quatro cantos do mundo que temos Nossa Senhora como salvadora, e que a adoramos como deusa, o que nunca foi ensinado pela Igreja.

Finalizando... Deus Pai salva, Deus Filho salva e Deus Espírito Santo salva. É assim que devemos professar. Cristo salva sim, consubstancialmente com as outras duas pessoas da ST. Nunca podemos isolar a nenhuma pessoa da Santíssima Trindade o caráter salvífico.

Então, não usemos trechos isolados da Bíblia para criar slogans, se assim fizermos, podemos entrar em erros como este, o sofisma. É através de erros filosóficos, teológicos, lógicos, entre outros, que nascem as heresias.

Confiemos em nossa Santa Igreja, Católica Apostólica Romana, em tudo que se dizer respeito a fé e moral. 

Weslen Viana